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domingo, 10 de abril de 2011

O lado esotérico da Praça do Comércio

Muito se tem escrito sobre o lado símbolico e esotérico da Praça do Comércio em Lisboa. E, no entanto, cá estou eu tambéma tentar dizer alguma coisa para, mais uma vez, se descobrir a pólvora...
Não tenho cátedra especial para falar ou escrever sobre o assunto. Sou apenas um curioso com particular interesse nestas matérias. Perdoem-me por isso se no meio deste rascunho aparecer algum disparate... Tentarei que não aconteça, mas se acontecer ficam desde já as respectivas desculpas.
A Praça, tal como a conhecemos hoje, nasceu após o terramoto de 1 de Novembro de 1755 da cabeça de um Homem Sebastião José de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal (dizem que com a ajuda dos seus amigos Eugénio dos Santos e o alemão Karl Mardel – Carlos Mardel.
Após o terramoto, Lisboa ficou completamente destruída e sendo nessa altura Primeiro-Ministro o Marquês, com toda a ‘carga’ de déspota que lhe é conhecida, tomou uma série de medidas com vista a garantir a segurança dos vivos e enterrar os mortos. Dizem, por exemplo, que quem fosse apanhado a roubar ou a pilhar era sumariamente julgado e condenado e executado no local…há ainda quem diga que o Marquês quase  vivia na sua sege e, ele próprio, servira muitas das vezes de acusador, juiz e carrasco.
Era preciso construir uma nova cidade.
Parece, portanto, que o génio deste Homem criou uma obra maravilhosa que estava destinada a durar no tempo e a ser uma das mais belas Praças do Mundo… Logo na minha Lisboa, a minha cidade!... Sou suspeito para falar, ainda assim…
Algumas das pessoas que se dedicam ao estudo da vida e obra deste Homem, dizem que ele pertenceu à Maçonaria e, por isso, as suas obras estão cheias de simbolismo Maçónico;  Outros há que afirmam não ser possível tirar como conclusão a pertença dele à nossa  Augusta Ordem, visto o nome dele não aparecer em nenhum Livro de nenhuma Loja.
Por exemplo, José Braga Gonçalves no seu livro «O Maçon de Viena» diz que ele teria outro nome e chama-o, quando descreve as Sessões de Loja, como “metamorfoseado em Irmão Philon”; ou ainda o que ouvi numa conversa, que a própria Loja de Viena está a estudar as ligações do Marquês à Maçonaria
Quer isto portanto dizer, na minha humilde opinião, que se o Marquês não pertenceu à Maçonaria, então só o podemos considerar como um génio, daqueles que sabe tudo, dada a capacidade que tem em ‘esconder’ atrás de símbolos mensagens, que na sua maioria são, de facto, símbologia Maçónica.
Posto isto avançarei, já que sou dos que defendem, embora às cegas e com fracos conhecimentos sobre o assunto, que o Marquês de Pombal pertenceu à Maçonaria.
Vou começar…
A forma da Praça do Comércio é a de um Quadrado Perfeito. Ora um quadrado como todos sabemos tem quatro lados iguais que são ligados entre si por quatro ângulos rectos… como aliás são também ângulos rectos as ligações entre cada uma das ruas que compõem a Baixa… a mim, por exemplo, lembra-me uma das Luzes Maçónicas, o Esquadro – símbolo da rectidão e da acção do Homem sobre a matéria. A forma de um Templo Maçónico  é a de um “quadrado alongado”. Mas, será possível que o Marquês tenha realmente querido construir um Templo gigante no coração da nova cidade que estava a construir?
Vamos ver…
Vejamos que outros elementos podemos encontrar na Praça que nos levem a suportar a tese de um «Mega Templo».
Uma das prováveis origens da Maçonaria são as sociedades de Mesteres da Idade Média; A Baixa Pombalina está organizada por mesteres… R. do Ouro, R. da Prata, R. dos Fanqueiros, R. dos Retroseiros (actualmente Rua da Conceição), R. dos Douradores, R. dos Sapateiros… curioso não acham. Continuemos.
Da Praça, em direcção ao Rossio, saem três ruas: A R. Augusta, a R. do Ouro e a R. da Prata. Se olharmos para um edifício de construção típicamente Maçónica verificamos que existem três portas: uma para os Aprendizes, outra para os Companheiros e a mais importante ao centro para os Mestres. Assim temos, a meu ver, a R. da Prata para os Aprendizes, a R. do Ouro para os Companheiros e a R. Augusta para os Mestres. Paralelo a isto temos que a R. da Prata será representativa da coluna do Norte, associada à Lua, a R. do Ouro será representativa da coluna do Sul, associada ao Sol.
Mas onde estão as colunas do Norte e do Sul?
Se olharmos para a Praça vamos encontrá-las nos Torreões que ladeiam a Praça e ainda nas outras duas que estão no chamado cais das colunas. Mas já cá voltaremos…
Na verdade, já encontrámos mais uns quantos símbolos Maçónicos.
Todos já ouviram, nem que seja por uma vez, falar do Tarot, uma ferramenta utilizada pelas cartomantes com o intuito de prever o futuro através da conjugação e respectiva leitura das cartas (nome correcto, Lâminas). O Tarot, para quem não sabe, é a personificação do chamado Livro de Toth, ou Livro da Iluminação.
Vamos fazer um pequeno exercício:
Algum de vós alguma vez resolveu contar quantos arcos tem a Praça do Comércio? Pois… calculo o que estarão a pensar…  mas o facto é que já me dei a esse trabalh Em cada um dos lados da Praça do Comércio temos 28 arcos e na frente da Praça – sem contar com o Arco Triunfal da R. Augusta – temos 22 (11 de cada um dos lados). Assim temos 78 arcos.
O Tarot é composto por 78 cartas (lâminas) que se dividem da seguinte maneira: 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos menores, cada grupo com a sua especificidade e utilidade na leitura das cartas. No entanto, os mais utilizados são os 22 Arcanos Maiores.
Aos Arcanos Maiores corresponde o caminho da Iluminação. A primeira lâmina (embora em alguns sistemas seja a 22ª) é a do «Louco», o estádio em que todos nos encontramos no inicio da nossa vida. O caminho vai sendo percorrido por todos os que procuram a iluminação até chegarmos à última carta (lâmina) que é o Mundo.
Para reter, a meu ver, temos o caminho da iniciação que começa no Aprendiz e termina, por assim dizer, no Supremo grau 33, ou seja na iluminação.
Temos ainda que os Arcanos Maiores representam o lado esotérico ou espiritual e os Arcanos menores representam o lado mais exotérico ou profano.
Mas voltemos às colunas.
Numa Loja Maçónica temos colunas à entrada do Templo, em alusão às que existiam à entrada do Templo de Salomão, às quais  correspondem as letras «B» e «J», respectivamente as colunas do Aprendiz e do Companheiro. Mas como é que as encontramos na Praça?
Se olharmos para a Praça, em toda a sua extenção, verificamos a existência de dois torreões – se observarmos bem cada torreão vamos verificar que cada um deles tem colunas na entrada e a cantaria que encima cada janela tem forma triangular -, das colunas no Arco da R Augusta e as duas colunas do cais chamado das colunas. Mas em nenhuma delas encontramos as tais letras «B» e «J». Para podermos vê-las temos de olhar de cima para baixo.
Outro exercício para provar o que digo (que o José Braga Gonçalves também alude no seu livro «O Maçon de Viena»).
Se entrarmos no googlemaps e puxarmos a imagem da Praça do Comércio vamos verificar uma coisa interessante. Embora a Praça seja simétrica, os edificios contíguos aos dois Torreões não o são, o que não deixa de causar alguma estranhesa, pois deveriam – era natural que assim fosse – ser também eles simétricos. Ora, do lado da Marinha verificamos que os telhados da construção contígua ao Torreão desse lado parece formar, ainda que muito estilizado, um «J» e os do lado oposto, também ele estilizado encontramos o «B»… rebuscado? Talvez! Ainda assim vejamos a imagem que retirei desse ‘site’….


Quando li esta ideia no livro do José Braga Gonçalves, também achei que era um pouco rebuscado. Mas o facto é que estão lá as letras. Mas no fim disto tudo lembremo-nos de como é que está orientado um Templo: do Oriente ao Ocidente, do Sul ao Norte e do Zénite ao Nadir, o que nos mostra a Universalidade da Maçonaria.
No entanto ao olharmos para a Praça verificamos que a Oriente está a rua da Prata, a ocidente a rua do Ouro, a Norte temos o arco da rua Augusta e a sul da Praça damos de caras com os torreões e com o rio. Portanto, nada bate certo…
Apesar de tudo isso vou tentar provar aquilo que digo…
Se considerarmos a entrada do Templo do lado das colunas e considerarmos o Arco da Rua Augusta o Oriente, teremos que rodar a planta da cidade por forma a orientar correctamente o Templo, de onde sairia qualquer coisa como:
Rua do Ouro
Colunas                                      Arco da Rua Augusta

Rua da Prata
Se bem nos lembramos, a coluna dos Aprendizes (coluna ‘B’), representada pela Rua da Prata, à qual se associa  o símbolo da Lua, deveria estar orientada para Norte e não para Sul como resulta de termos rodado a planta da cidade.
Então como resolver esta questão?
Talvez pareça um pouco rebuscado, mas a verdade é que teremos de rodar a planta como se a estivessemos a observar através de um espelho
Ou seja, deste modo trocaríamos de lugar as Ruas do Ouro e Prata, bem como os edifícios que as acompanham, ficando como se mostra na figura acima.
Assim, se voltarmos a fazer o exercício de rodar a planta da cidade de modo a que o Arco da Rua Augusta fique na direcção do Oriente, temos:
Rua da Prata
Colunas                                      Arco da Rua Augusta

Rua do Ouro
Pelo que, desta forma, temos a orientação correcta de um Templo Maçónico!

Disse!